domingo, 29 de março de 2009

O ESPETÁCULO DE IMAGENS NA ORDEM DO DISCURSO MIDIÁTICO: O CORPO EM CENA NAS CAPAS DA REVISTA VEJA.

domingo, 29 de março de 2009
Tânia Maria Augusto Pereira
Doutoranda/Proling UFPB



Esta tese tematiza a espetacularização do corpo feminino na mídia. O objeto de nossa pesquisa é a imagem do corpo feminino e seus sentidos passíveis de análise nas capas da Revista Veja que abordam o culto ao corpo. Diante disso, buscamos esclarecer qual a imagem de corpo feminino que essa Revista espetacularizou ao longo dos seus anos de publicação. A partir daí, outro questionamento norteia nossa investigação: que corpos foram excluídos pela Revista? Para responder esta problematização, hipotetizamos que, em se tratando do corpo enquanto acontecimento discursivo espetacularizado, a Revista impõe um corpo magro, “sarado”, bonito e saudável à população brasileira, alicerçado por um discurso científico, ao mesmo tempo em que interdita outros, tais como o corpo gordo, o corpo magro anoréxico etc. Tendo como pressuposto a compreensão do corpo como uma construção histórica e cultural, sobre a qual se articulam diferentes discursos e saberes, objetivamos analisar o discurso da Revista Veja sobre o corpo feminino enquanto acontecimento discursivo espetacularizado. Também buscamos refletir sobre como o discurso da Revista é significado, legitimado, reconhecido e mantido através das técnicas disciplinares usadas para adestrar os corpos, dentro do que Foucault denomina Biopolítica. Como embasamento teórico-analítico, utilizamos os estudos referentes à terceira época da Análise de Discurso (AD), erigida por Michel Pêcheux, das formulações discursivas de Jean-Jacques Courtine e, principalmente, das contribuições de Foucault, em sua analítica do poder, à teoria do discurso. Também nos apoiamos nas ideias de pesquisadores do campo dos Estudos Culturais. Para a AD, a mídia configura-se como um dispositivo disciplinador, na medida em que cria identidades e parte do princípio de que tais identidades são efeitos do discurso, já que é no interior das práticas discursivas que elas emergem. Cuidar de si na contemporaneidade significa cuidar do corpo, sentir-se bem a partir de regras de conduta e de princípios impostos como verdades e prescrições construídas pela mídia através da exposição incessante das imagens de corpos belos. Constatamos nas capas da Revista Veja a atuação de dispositivos disciplinares que ditam formas e hábitos de vida enquadrados no saber/poder. Os corpos apresentados pelo discurso da Revista ordenam um dizer que vai além da estética da beleza, visto que tal discurso produz, estabiliza e faz circular um feixe de sentidos, materializando dizeres sustentados pela memória discursiva, apagando ou deixando implícitos outros.
Palavras-chave: Corpo. Mídia. Espetacularização. Biopolítica. Biopoder.

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