Este trabalho objetiva analisar como
ocorre a governamentalidade e o controle social dos dizeres nos espaços
urbanos, através da produção e circulação de sentidos nas materialidades verbal
e imagética dos grafites e das pichações na cidade de João Pessoa. Verificaremos
também a relação entre o sujeito, a linguagem e a memória discursiva na
materialidade do grafite, e como ocorre a interdição que perpassa o discurso da
pichação, por meio da resistência ao poder governamental em relação a esta
prática discursiva, já que não existe “o” poder, e sim relações de poder que se
movem em as todas as esferas sociais. Observa-se que por viver em uma sociedade
disciplinar, o sujeito contemporâneo tem as suas práticas e os seus dizeres
selecionados, organizados, e que ele produz sentidos na cidade, da mesma
maneira que é afetado pelos vários discursos produzidos por ela. Por isso, em
nossa pesquisa, a cidade não será estudada como espaço físico, mas sim como
espaço político-simbólico em que é possível esta produção de sentidos e também
como lugar de significação dos discursos que circulam socialmente. Partindo-se
da premissa de que os sujeitos sociais têm os seus dizeres controlados,
utilizaremos apenas dois desses procedimentos: a interdição, que atinge os discursos, indicando a sua relação com
o poder; e a vontade de verdade, que
estabelece o que é aceito (ou não) em cada época (as proposições verdadeiras ou
falsas). Desenvolveremos este trabalho a partir do referencial teórico da Análise do Discurso Francesa, que irá subsidiar a
análise do nosso corpus, pontuando
assim como esses procedimentos controladores dos dizeres atuam sobre a
linguagem do sujeito social. Assim, o corpus a ser analisado é composto por
fotografias de grafites e de pichações encontrados nos mais diversos bairros da
capital paraibana. Os resultados preliminares apontam para uma maior evidência
do grafite em relação à pichação, e que nos bairros nobres, este
primeiro é apresentado como algo muito bonito e singelo, enquanto que nos
bairros periféricos é sempre associado a uma crítica social.
Laura Maria da
Silva Florentino (UFPB)
Bolsista PIBIC/CNPQ