sexta-feira, 18 de novembro de 2011

CORPO, PODER E SUBJETIVAÇÃO: UMA ANÁLISE DISCURSIVA SOBRE A INCLUSÃO SOCIAL DO SUJEITO DEFICIENTE NA REVISTA SENTIDOS

sexta-feira, 18 de novembro de 2011


Maria Eliza Freitas do Nascimento
DOUTORANDA– PROLING/UFPB

Na sociedade contemporânea, é possível pensar como os discursos constroem efeitos de sentidos que transitam em movências, marcadas através do tecido histórico-social. Com isso, as práticas discursivas oportunizam discutir a emergência de objetos em constante formação/transformação, relacionadas à produção histórica dos discursos, buscando enveredar por caminhos analíticos que possibilitem um olhar aguçado para a produção de sentidos. A história do corpo na sociedade é marcada por diferentes possibilidades de relação saber-poder. Isso reforça que na genealogia do poder a forma de ver o homem na história produz deslocamentos que enfatizam a passagem da morte para a vida, ligadas às diversas manifestações do poder, principalmente a biopolítica que usa técnicas para gerir a vida das pessoas, a fim de torná-las mais produtivas, enfatizando o poder como forma de governar a vida, a partir da gestão da saúde, da higiene, da alimentação etc., favorecendo à disciplina e ao controle do corpo. Nosso objetivo, neste trabalho, é analisar em diferentes materialidades midiáticas, os discursos sobre a inclusão do corpo deficiente, enfatizando as técnicas disciplinares utilizadas para incluir esse corpo na sociedade. Como base teórica, usamos a Análise do Discurso francesa na interface das contribuições de Pêcheux e Foucault. Defendemos a tese de que o corpo deficiente, considerado historicamente como um corpo anormal, monstruoso passa por deslocamento na produção discursiva que acarreta em novas visibilidades e dizibilidades sobre o ser deficiente. Com isso, o corpo anormal, feio, monstruoso entra na ordem do discurso, com vistas à sua inclusão na sociedade. Esses discursos produzidos em diferentes materialidades constroem diferentes efeitos de sentidos nos quais os sujeitos portadores do corpo deficiente se (re) constroem e se (re) modelam produzindo subjetividades e, através do corpo, são considerados sujeitos diferentes, não mais deficientes. Assim, o discurso sobre a diversidade entra em cena, produzindo sujeitos dóceis, geridos por micropoderes que os disciplinam e controlam por meio de diversas técnicas: esporte, artes, dentre outras. O corpo deficiente desloca-se, então, de foco de resistência ao poder, para um foco de preocupação do poder, tendo em vista que não basta excluí-lo, isolá-lo do corpo social, mas sim, transformá-lo em produtivo, pois ele pode também ser uma força de trabalho. As diferentes materialidades midiáticas oportunizam a circulação dos discursos, que constroem práticas sociais. Por isso, consideramos a mídia como grande promotora da circulação dos discursos sobre a inclusão do corpo deficiente e, oportuniza uma análise discursiva dos diferentes efeitos de sentido produzidos nessas materialidades, dos processos de subjetivação do sujeito deficiente, as técnicas de disciplina usadas para “adestrar” os corpos, os procedimentos de governamentalidade sobre o outro e as estratégias do governo de si.

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